Este é um momento marcante para a cidade: o Rio guina... para o futuro!
Nenhum carioca ficará incólume, nenhum carioca pode ficar indiferente.
Esta é também uma das minhas formas de participar: sugerir caminhos para o Rio.
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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O perigoso "X" do problema do Metrô oficial...

Uma 2ª-feira reflexiva, este 05/12: pela manhã, o seminário Rio Cidade Sede, no prédio da Bolsa de Valores, no Centro; à tarde, um debate numa sala da PUC-Rio, na Gávea.

O primeiro, promovido pelos jornais O Globo e Extra, foi absolutamente chapa branca: aberto pelo Ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, com apresentações dos dirigentes da Autoridade Pública Olímpica, Marcio Fortes, e do Comitê Rio 2016, teve até palestra de um dos idealizadores da Olimpíada de Londres 2012, Dan Epstein. Do ponto de vista dos nossos assuntos, mais importante foi a participação de Maria Sílvia Bastos Marques, presidente da Empresa Olímpica Municipal, que falou de muitos projetos já definidos e das obras em andamento. O fato é que os transportes pensados para aquela área são todos sobre pneus, prioridade absoluta para carros, com a exceção de um VLT a dar voltas pelas beiradas...

À tarde, o encontro da PUC sobre Transporte Público e Direito à Cidade, para uma plateia com predominância de estudantes, dividido em duas mesas.
Uma, mais reflexiva, mesclando professores e representantes de associações de moradores, tinha o tema A Circulação da Cidadania na Metrópole, e nela logo foram questionados métodos e resultados das obras em andamento e previstas para o Rio de Janeiro.
Talvez tenha sido de Pedro da Luz, IAB/UFF, a frase síntese: não há protagonismo do Plano e do Projeto; eles são escondidos, como forma de evitar transparência... 
Mais sucesso fez, nesta mesma direção, um “esclarecedor” ato falho de Márcia Vera Vasconcelos, presidente da FAM, Federação das Associações de Moradores do Rio. Ao afirmar que é fácil perceber a influência dos empresários nas obras, chegou a cunhar o personagem Eike Maravilha, uma confusão (não tão sem sentido assim...) entre Eike Batista X Porto Maravilha, que simboliza bem este momento, e este X não está aí por acaso...  
Desenho baseado em imagem
apresentada, em coletiva à imprensa,
pelo Secretário da Casa Civil
do estado do RJ,
Regis Fichtner,
em 18/11/2011.

A outra, tratou especificamente das obras do Metrô. Ou melhor, do conflito entre a imposição de um “linhão”, da Pavuna à Barra, via Ipanema, que o governo do Estado se apressa a construir, versus a campanha de associações de moradores de bairros, com apoio do Clube de Engenharia, pela construção de uma Linha 4 ligando diretamente a Barra ao Centro.

Ricardo Laffayete, do Movimento Metrô “Linha 4 que o Rio Precisa”, mostrou o grande gargalo da obra: a duplicação da estação Ipanema-Gal.Osório.
Além de praticamente duplicar seu valor, chegando perto dos 800 milhões de reais (quase um Maracanã reconstruído...), a circulação dos trens vai se tornar perigosa no local: as linhas formarão um Y (a linha da Barra se juntará à da própria estação), mas haverá também um X (as composições vindas de Pavuna terão um cruzamento no mesmo nível com a linha da Barra, a maneira de chegar à estação Gal. Osório, novo final previsto para a Linha 2).

O representante do Ministério Público, Carlos Frederico Saturnino destacou que a obra está sendo tocada com licença ambiental de um projeto antigo e diferente. A partir do histórico que fez, foi lembrado que a ligação da Linha 2 com a Central resultou na ampliação do prazo de concessão para até 2038
E que, com a extensão da Linha 1 (que nem era exigência do Comitê Olímpico Internacional...), a concessionária se garante como única operadora do sistema. 
Não por acaso, surgiu, na discussão, a pergunta: terá o governador se tornado refém (operacional) da concessionária do Metrô?...

E, entre tantas questões mal definidas nos transportes do Rio, e entre tantos assuntos destas reflexões, é preciso relacionar um seminário ao outro e propor: a Linha 4 não só deve se dirigir ao Centro, como (depois do cruzamento das linhas na Estação Glória) tem que  contornar, pela orla, o Centro da cidade e depois atravessar a área do Porto Maravilha.
[Atualizado em 28/02/12]