Este é um momento marcante para a cidade: o Rio guina... para o futuro!
Nenhum carioca ficará incólume, nenhum carioca pode ficar indiferente.
Esta é também uma das minhas formas de participar: sugerir caminhos para o Rio.
.

terça-feira, 19 de março de 2013

Revendo o Elevado



Cansa... Mas, é preciso repetir antes (ou até?) que a insanidade predomine...
 

Afinal, o Elevado é útil ou não?..
Este sistema de túneis que estão construindo na área do Porto deveria abrigar o Metrô, uma linha nova do Metrô, em mais uma ligação entre as áreas Norte e Sul, que também atenda ao Centro. E não, como uma pretensa solução mágica, novas pistas de carros para substituir, de forma capenga, as que sumirão na destruição da Perimetral. Por esta opção, o túnel de contorno do morro de São Bento é dispensável, e imaginem a economia que seria...
 
E o que se verá, no Porto, sem o Elevado: armazéns ou navios?...
A área do Porto, que está sendo entulhada de projetos imobiliários, é cercada pelo mar, por morros e por canais. Pois estão centralizando praticamente toda a sua mobilidade no transporte individual, com limitadas alternativas de transporte público. Em pouco tempo será um engarrafamento só!  
Para que a região se torne pujante, mas não deixe de ser acessível, o transporte público terá que ser mais encorpado e mais coletivo do que simplesmente a ligação de ônibus (que virão de longe pelos mesmos trajetos de agora) a uma confusa rede de bondinhos marcha-lenta, que circularão pelo Centro como numa área de lazer..  
Paisagem na Praia de Botafogo

Quer dizer, então, que, após tantas caríssimas intervenções urbanas, o viajante, ao chegar à Rodoviária (para não ficar refém de ônibus e táxis) terá que tomar um bondinho, cheio ou não, e seguir, por longos minutos, carregando sua bagagem, até uma estação do Metrô?... Ah, fala sério!  

E, reconheçamos (se ainda insistem na questão estética), o que tira a visão da paisagem na área do Porto são os próprios armazéns do porto. Ou não?... 
Ok, se continuam com suas necessárias funções (ainda mais diante da expansão dos investimentos no pré-sal e do aumento de turistas na cidade), então que fiquem... E por que, afinal, não são demolidos tantos outros viadutos que enfeiam a cidade, como os dois da Praia de Botafogo, por exemplo?


O povo ao sol da esplanada da Praça XV
É fácil ver (num mero exercício de imaginação) que a retirada dos armazéns abriria para o carioca, de novo, a visão norte da baía da Guanabara. Mas, aí, para apreciar a baía, teríamos também que nos livrar dos usuários do porto, em especial a barreira de transatlânticos de vários andares, no atual e em futuros piers, em Y ou em E...


Pois, até nesse caso o Elevado seria útil, criando sombra na larga faixa que se formaria. É, por exemplo, o caso da Praça XV (e até mesmo da Praça Mauá), onde o Elevado é um alívio contra o efeito violento do sol no amplo calçadão, uma área de sombra que alivia a travessia de uma esplanada vazia.


O povo ocupa a esplanada da Praça XV
Trata-se de uma construção aberta à criatividade, a ser aproveitada a favor dos cariocas, se houver governo que organize... 

Não sei quem tomou a iniciativa, mas bastou que o trecho à frente do Paço Imperial fosse colorido, sem qualquer projeto estético, para que se tornasse, rapidamente, uma área de convivência popular, logo abrigando (onde, aos sábados, acontece a Feira de Antiguidades) uma espontânea feirinha. Bem, imagino que será reprimida, que baixará sobre ela mais um pretensioso “choque de ordem”... Talvez seja justamente isto o que os nossos “governantes” mais temem.
Esta presença do povo no espaço público da cidade, que é bom negócio para muitos, não é, afinal, para poucos...
.

2 comentários:

Romildo Guerrante disse...

Visão do Porto com construção de torres de 40 andares só pra convencer trouxas.

Guina Araújo Ramos disse...

Boa, Romildo!
Também acho que estão "inflando" o pacote, prometendo maravilhas, mas tudo isto parece mesmo que vai acabar num relativo chabu...
Ou seja, querem vender construções futuras (com ganhos imediatos), mas não há qualquer garantia de tudo isto será construído, depois da febre da Copa e da Olimpíada.
Não sei se mal comparando, lembro o caso da Cidade Nova, que resultou, afinal, em alguns prédios residenciais e comerciais, no Piranhão e mais recentemente no Centro de Convenções, muito menos do que se alardeava.
O que está faltando neste momento são comentaristas (ou até a imprensa, se não estivesse fazendo propaganda...) que façam uma análise séria sobre as possibilidades reais destes "maravilhosos" projetos incensados pelos seus interessados diretos, tendo os governos como representantes.