Este é um momento marcante para a cidade: o Rio guina... para o futuro!
Nenhum carioca ficará incólume, nenhum carioca pode ficar indiferente.
Esta é também uma das minhas formas de participar: sugerir caminhos para o Rio.
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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O (método) patético governa o Rio


Como já foi dito aqui, o prefeito Eduardo Paes, nas decisões sobre mobilidade urbana na cidade do Rio de Janeiro, as que lhe cabem, é pautado pelo chamado “método patético”, caracterizado por uma impressionante capacidade de fazer inesperadas modificações em decisões tomadas, aparentemente, com a maior certeza...

Percebia-se que não era um cacoete original, que o prefeito era um mero imitador, um aprendiz de feiticeiro, mas não se sabia o quanto estava o famigerado método patético arraigado na governança local... Eis então que, em grandiosa demonstração pública, ao voltar atrás da sua impositiva decisão de destruir os equipamentos esportivos do entorno do Maracanã, o parque aquático Júlio Delamare e o estádio de atletismo Célio de Barros (e, de lambuja, o ex-Museu do Índio, depois de tanto drama, e agora a Escola Friendenreich...), o governador Sérgio Cabral assume-se como o grande mentor do método patético no Rio de Janeiro!

Maracanã, um patético fantasma no Rio de Janeiro... (reprodução da TV)


O governador (que não aceita ser chamado de “ditador”, apesar de lembrar o general Geisel na demolição do Palácio Monroe) impressionou, pela esperteza, toda a torcida carioca: fez colocar no contrato de concessão do Maracanã uma cláusula em que se permitia praticar esta tão vultosa e valiosa alteração. E, pior (ou melhor, para o povo carioca...): realmente mudou a até então intransigente decisão de derrubar os prédios!

Não se trata de afogar pato manco ou de chutar cachorro morto, não se sabe quanto tempo o governador permanecerá no cargo... O que se deve discutir, porque surpreende (e fica por conta dos especialistas), é como se faz um contrato de concessão que para ser alterado (mesmo depois de entrar em vigor!), basta apenas a exclusiva vontade do governante, como se ele fosse um ditadorzinho local, como se não existissem outros poderes no estado, o Legislativo e o Judiciário.


Sendo assim, a exemplo do caso do prefeito, cabem sugestões, sempre no sentido de “voltar atrás”, para outras patéticas decisões do governador, enquanto está no poder (restritas à questão da mobilidade, embora devesse voltar atrás de muitas outras decisões)...

Pensando no futuro, por que não trazer de novo à pauta a conclusão do metrô Linha 2 e a construção da Linha 3, em túnel, sob a baía da Guanabara?... E, ainda mais, por que não uma Linha Nova para, vindo da Glória, circundar a cidade e atravessar o Porto “Maravilha”?... Muito pelo contrário, ao apresentar ao governo federal, recentemente, seus mínimos projetos já em andamento, não só “esqueceu” o túnel sob a baía da Guanabara, como chegou ao ponto de “rebaixar” a Linha 3 (Niterói-Itaboraí): em vez de metrô, um monotrilho...
 
Metrô Botafogo: troca de plataforma para seguir viagem...

Ah, que entre também na pauta a construção da Linha 4 do Metrô!... O governador, hoje um náufrago político, resolveu um dia, ancorado em suas certezas, que estenderia até a Barra, chamando de "Linha 4", a continuação do “linhão” que inventou (ao emendar a Linha 2 à Linha 1, na Central), apesar dos protestos de especialistas e de grande parte da população carioca. Quem sabe o futuro não dará às duas enormes estações paralelas do Metrô em Ipanema, um primor de desperdício, o título de “Complexo Patético Sérgio Cabral”?... 

O serviço da concessionária das barcas Rio-Niterói...
Infelizmente, neste caso não há mais volta, já passou do ponto, não é mais um contrato recém assinado... Deixará, no entanto, mais uma questão para especialistas: é o caso de responsabilizá-lo, um dia, pelo descuido, pelo engano, pela imposição desta opção, tão cara quanto ruim?... Afinal, o “voltar atrás” do governador não será uma espécie de confissão de crime?... E, aliás, o “deixar de voltar atrás” não será um crime ainda maior?...
É hora de pensar na Metrópole e, em termos de mobilidade urbana, é exatamente isto que o próprio governador (ou um novo) terá que fazer. É fato que falta ao (ainda) governador, uma suprema ironia para quem dirige um estado, visão de estadista: em vez de dar atenção ao conjunto, dá às partes, muito especialmente à parte de cada concessionária, quando não à própria parte...

...continua dando dor de cabeça ao usuário.

Sua política de governo para os transportes (e várias outras áreas) é a da “fragmentação lucrativa” (inventemos o termo), a divisão de espaços e serviços públicos por “liberação ao monopólios”, gesto que, imediatamente, as empresas interessadas (e também inspiradoras) entendem como “oportunidades de negócios” e, tudo isto apresentado, tentando ficar bem na fita, como um “sistema de concessões”...
Não chega a ser original, mas o entreguismo, aqui no estado do Rio de Janeiro, certamente tem sido levado ao “estado da arte”, pura mágica ou quase...

Não só esta forma “imperial” de governo precisa ser (e tem sido) questionada, pela participação democrática da população. Também este sistema de concessões, com seus favorecimentos e aproveitadores, tem mais é que entrar na berlinda... 

Não resta dúvida que são, ambos, a base concreta do intragável “método patético” que tem sido aplicado no Rio de Janeiro, com tanta desenvoltura, pelos nossos atuais governantes, o da cidade e o do estado.

Leia mais sobre o tema na postagem anterior,

O transporte do Rio pelo método patético